20 de fevereiro de 2016

La Ragazza Nella Nebbia, de Donato Carrisi

Puxa, parece que gostei mesmo desse escritor, não é? 




Na pilha, a maioria dos livros publicados por ele. Deve haver ainda um ou dois que eu ainda não consegui ler. Jovem (42 anos), tem muito a escrever ainda, muito a aprimorar-se. Mas, cá entre nós, se melhorar muito, estraga.

Dizem que Carrisi quebrou algumas regras mais ou menos definidas para romances policiais. Não sei bem se isso é verdade, mas os livros dele tem sim um toque diferente e inesperado. Para começar, duas das três obras da pilha que li até agora não tem localização geográfica definida, tudo que se deduz é que as histórias se passam na Europa. Os nomes dos personagens não são tipicamente italianos. Não há menção há grandes cidades ou pontos geográficos conhecidos. Parece que o escritor quer desenvolver a história em um mundo próprio, tendo plena liberdade de criar o cenário, sem ter que se preocupar em cometer imprecisões ou incorreções. Porque suas tramas, ao contrário, são muito precisas. E inesperadas. Carrisi até agora conseguiu me surpreender, parece-me que ele inova a cada livro. Inova não somente na história em si, mas na estrutura da trama (normalmente não linear). São livros em que não importa tanto descobrir o x que matou y (embora isso esteja sempre presente), mas o como e o porque.




A sua obra maior até agora - e o meu favorito - é, sem dúvida, "O Aliciador" (Il Suggeritore), um sucesso estrondoso na Itália, traduzido em dezenas de idiomas. Difícil de ler em alguns momentos, por vezes chocante, mas impossível de abandonar. Outro traduzido para o português é "O Tribunal das Almas" (Il Tribunale delle Anime), uma trama ainda mais intrincada, mas não tão genial. 





O mesmo pode ser dito da obra que acabei de ler ontém, "La Ragazza Nella Nebbia" - A Menina na Neblina (tradução livre do título), recém lançada na Itália e ainda não traduzida para o português. Não tão bom quanto "O Aliciador", trata-se, novamente, de uma trama completamente diferente dos outros livros do autor.



Em um pacato vilarejo alpino fictício, Avechot, uma menina de 16 anos desaparece às vésperas do Natal. Segue-se a narrativa do fato, do dia do desaparecimento até cerca de dois meses depois, primeiro pelo ponto de vista do investigador do caso, depois do principal suspeito, e, por fim, da própria vítima, quando se revela realmente o que aconteceu. Mas garanto, há surpresas até a última página, então, por favor, não sucumba àquela velha tentação de ler o fim do livro primeiro. Vai estragar tudo! O livro mergulha mais no circo formado pela imprensa, instigado pelo próprio investigador, do que no que realmente aconteceu com Anna Lou Kastner, a menina do título. Porém, qualquer coisa que eu diga além disso pode estragar a surpresa final - ou surpresas finais, melhor dizendo. Apesar dos elementos típicos de uma trama policial, trata-se de um livro bastante crítico, sobre o papel da mídia na solução de um crime, na necessidade obsessiva de se encontrar alguém para culpar, seja o escolhido inocente ou não... Coisas que vivenciamos na nossa realidade brasileira cada vez que um crime bárbaro nos choca, embora talvez o que torna mais interessante o caso do desaparecimento de Anna Lou é o fato de que somente no final do livro temos certeza se houve crime ou não.

Sem dúvida voltarei a falar desse autor, já que tenho mais dois livros dele na fila de espera para ler. Só tenho a esperar que, no futuro, Carrisi não caia na mesma armadilha da grande maioria dos escritores de thrillers, repetindo as mesmas idéias, de modo que o leitor atento, após alguns capítulos, consegue desvendar toda a trama, porque, dentro do universo daquele escritor, o inesperado torna-se esperado... Vamos torcer!

Recomendo!

Boa leitura!

:-)

Sandra




Nenhum comentário:

Postar um comentário