22 de junho de 2017

Resenha: O Círculo (The Circle), David Eggers





Autor: David Eggers




Sinopse:

Nesta fábula distópica sobre um futuro muito próximo, Dave Eggers imagina uma poderosa empresa de tecnologia e as consequências de um mundo em que as informações são cada vez mais vigiadas.

Muito bom mesmo. Recomendo a qualquer pessoa que tenha perfil em uma rede social, que usa a internet para fazer compras e pagar contas. Porém, é quase impossível escrever todas as minhas impressões sobre esse livro sem revelar o final, então vou apenas tentar ressaltar os pontos principais. 

Para começar, bastaria eu citar dois dos três mandamentos da empresa chamada O Círculo:

Segredos são mentiras

Privacidade é roubo

1.
O livro nos leva a pensar sobre o fato de que um indivíduo inserido em um grupo social e imerso nas regras daquele grupo não consegue imaginar aquele meio sobre o ponto de vista de alguém que está do lado de fora. Lembrou-me um conto da escritora inglesa Shirley Jackson, A Loteria (The Lottery), que causou-me forte impressão quando o li pela primeira vez no colégio nos Estados Unidos. Para quem está no grupo, as regras que ali vigoram fazem todo o sentido e todas tem uma explicação perfeitamente lógica, racional e convincente. Somente alguém que consegue enxergar aquilo de fora conseguirá detectar as imperfeições.

2.
O quão é importante resguardar o direito de privacidade na Internet. O cidadão deve ter todo o direito de escolher o que quer divulgar a respeito da sua vida privada. Não se pode, em nome de qualquer argumento, por mais nobre que seja, obrigar uma pessoa a ter a sua vida monitorada 24 horas por dia, nos mínimos detalhes, por mais íntimos que sejam.

3.
Como é perigosa a idéia de que vale a pena a pessoa abrir mão da sua privacidade em nome de um objetivo maior para um determinado grupo social, ainda que seja o combate aos crimes mais hediondos e ao terrorismo. Será que isso leva mesmo a uma sociedade mais justa e mais segura? Será que, pelo contrário, isso não leva a algo mais sinistro e assustador?

O livro de David Eggers leva as três situações que mencionei acima ao extremo. É ler para ver o que acontece. Há um certo paralelo com o clássico 1984, de George Orwell - talvez seja até um 1984 atualizado e revisitado, de certa forma. Ou talvez uma prévia, um prelúdio de uma realidade distópica que não será nada agradável. Uma espécie de totalitarismo tecnológico assustador.



O filme está em cartaz. Elenco excepcional, talvez eu vá conferir só para ver o que vão aprontar com aquele final...

É ler para crer.

Boa leitura!

:-)

S.


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