19 de junho de 2018

Colagens digitais com Kandinsky (Composition VIII)

Colagem S.C. Zerbetto

Bom dia!

Confesso que não tenho lido muito nos últimos dias, minha mente tem encontrado estímulo nas artes visuais, seja como observadora, seja brincando com o que encontro. Acho que é mais ou mesmo isso que fazia Kandinsky. 

Colagem S.C. Zerbetto

Não tenho conhecimento profundo de arte moderna, mas intuitivamente ele parece para mim um grande brincalhão, que tentava unir cores e sons em seus quadros, e assim conseguia compor verdadeiras sinfonias visuais. Se não me engano, já escrevi sobre esse grande artista anteriormente no blog, mas como esta é a primeira obra que trago, por ter sido exaustivamente utilizada nas minhas colagens, pouco a pouco pretendo trazer algumas informações interessantes sobre Kandinsky, e sobre como ele compunha as suas obras. Acreditem, há muito mais na arte moderna, notadamente na arte abstrata, do que uma mera reunião de formas disconexas, sem sentido e incompreensíveis em uma tela. Kandinsky talvez seja o melhor caminho para entender isso.




A obra escolhida para hoje é a Composition VIII (Composição VIII), e encontra-se em exibição no Museu Guggenheim.

Colagem S.C. Zerbetto

Esse ponto de contato interior, apesar de toda a sua importância, não é, entretanto, mais do que um ponto. Após o longo período de materialismo de que ela está apenas despertando, nossa alma acha-se repleta de germes de desespero e de incredulidade, prestes a soçobrar no nada. A esmagadora opressão das doutrinas materialistas, que fizeram da vida do universo uma vã e detestável brincadeira, ainda não se dissipou. A alma que volta a si permanece sob a impressão desse pesadelo. Uma luz vacilante brilha tenuemente, como um minúsculo ponto perdido no enorme círculo da escuridão. Essa luz fraca é apenas um pressentimento que a alma não tem coragem de sustentar; ela se pergunta se a luz não será o sonho, e a escuridão a realidade. Essa dúvida e os sofrimentos opressivos que ela deve à filosofia materialista distinguem nossa alma da alma dos primitivos. Por mais levemente que se a toque, nossa alma soa como um vaso precioso, que se encontrou rachado na terra. É por isso que a atração que nos leva ao primitivo, tal como o sentimos hoje, só pode ser, sob sua forma atual e factícia, de curta duração.
Salta os olhos que essas duas analogias da arte nova com certas formas de épocas passadas são diametralmente opostas. A primeira exterior, será sem futuro. A segunda é interior e encerra o germe do futuro. Após o período de tentação materialista a que aparentemente sucumbiu, mas que repele como uma tentação ruim, a alma emerge, purificada pela luta e pela dor. Os sentimentos elementares, como o medo, a tristeza, a alegria, que teriam podido, durante o período da tentação, servir de conteúdo para a arte, atrairão pouco o artista. Ele se esforçara por despertar sentimentos mais matizados, ainda sem nome. O próprio artista vive uma existência completa, relativamente requintada, e a obra, nascida de seu cérebro, provocara no espectador capaz de experimentá-las, emoções mais delicadas, que nossa linguagem é incapaz de exprimir.

Wassily Kandinsky
Colagem S.C. Zerbetto

Boas leituras!

:-)

S.

Colagem S.C. Zerbetto

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