4 de novembro de 2016

A Luz Entre Oceanos (The Light Between the Oceans), de M.L. Stedman



Janus é o nome da ilha onde se passam os eventos cruciais do romance de M.L. Stedman, A Luz Entre Oceanos (The Light Between the Oceans)


Janus também é o nome de um dos mais antigos deuses da mitologia romana, o deus dos portais e das transições, o deus das duas faces, uma voltada para o passado e outra para o futuro. As duas faces também nos lembram que, em se tratando da justiça, não existe uma única resposta a um problema que alguns dilemas éticos não comportam uma solução simples e matemática, que agrade a todas as partes. Diante disso, não me surpreendi quando soube que a autora, M.L. Stedman, é uma advogada (sinopse abaixo):




Escrito por uma advogada que aborda os limites da ética e os dilemas morais sob diferentes pontos de vista, o romance conta a história de Tom Sherbourne, faroleiro de uma ilha isolada na costa oeste da Austrália, e sua mulher, Isabel. Impedidos de ter filhos, a vida do casal sofre uma reviravolta quando um barco à deriva aporta na ilha.

Esse livro passou por mim há uns dois anos atrás, antes de eu iniciar esse blog. Na época, cheguei a comentar na minha página pessoal no Facebook que achei a obra extraordinária. Não é um livro muito fácil de ler, pelo menos a partir da metade, quando o leitor percebe o dilema ético se aproximando de forma inevitável. A leitura chega a ser um processo doloroso, você quer abandonar o livro, mas ao mesmo tempo quer saber como tudo aquilo vai ser resolvido. Porém, é uma leitura inesquecível, em especial porque o dilema central é introduzido aos poucos de forma extremamente humana, sem qualquer sombra de detalhes técnicos jurídicos/legais, e, principalmente somente após o leitor ser apresentado aos personagens e simpatizar com suas histórias pessoais. Não há mocinhos ou vilões nesse livro, nada é preto e branco, ninguém está totalmente certo ou totalmente errado. Assim como Janus, ao chegar ao ápice da trama, o leitor aprende, se ainda não sabia disso, que a justiça, assim como Janus, nunca tem uma única face.


Assim, aguardei ansiosamente o filme (trailer aqui), que estreou ontem nos cinemas brasileiros - e que hoje fui assistir. Uma adaptação muito competente de uma obra literária, fiel ao original, sem mudanças muito significativas na trama. Fotografia sensacional, e um trio de atores principais simplesmente fantástico. É muito mais do que um mero drama romântico, como o vi descrito em algumas poucas críticas que li (diga-se de passagem, sempre tento não me influenciar pelo que dizem os críticos de cinema, especialmente aqueles metidos à intelectuais pretensiosos). Obviamente o romance existe, mas o enredo não se reduz a isso, vai muito além - os personagens não tem só uma, mas várias dimensões. Em suma, um filme bonito em todos os sentidos, e que, assim como o livro, deixa traços, de modo que continuamos a pensar na história por muito tempo depois dos créditos finais. Se você não leu o livro, não tenho muitas dúvidas de que, após assistir o filme, vai querer ler.



Boas leituras e/ou... bom filme!

:-)

S.


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