9 de junho de 2017

A leitura na arte: Albert Edelfelt





O começo de todas as histórias é, no princípio, ridículo. Parece não haver esperança de que esta coisa acabada de nascer, ainda incompleta e tenra em todas as suas articulações, seja capaz de se manter viva na organização completa do mundo, que, como todas as organizações completas, luta por se fechar. Contudo, não podemos esquecer que a história, se tiver uma justificação para existir, tem dentro de si a sua própria organização completa até antes de estar completamente formada; por esta razão não há motivo para desesperar com o princípio de uma história; num caso semelhante, os pais teriam de desesperar com o bebé porque não tinham nenhuma intenção de trazer para o mundo este ser ridículo e patético.
É claro que nunca sabemos se há razão ou não para o desespero que sentimos. Mas reflectindo sobre isso podemos obter um certo apoio; sofri anteriormente da falta deste conhecimento.

Franz Kafka, in 'Diário (19 Dez 1914)'

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