30 de agosto de 2017

Resenha: O Passado é um Lugar (The Faithful Place), Tana French



Vamos lá!

O Passado é um Lugar (The Faithful Place), da irlandesa Tana French é o terceiro livro da série Dublin Murder Squad. 



Dessa vez o personagem principal é o rude e truculento policial Frank Mackey que, ao contrário de ser um estranho aos fatos investigados, está envolvido neles diretamente, é um personagem do drama ocorrido:

Em 1985, Frank Mackey tinha 19 anos e crescia na parte pobre de Dublin, vivendo amontoado no pequeno apartamento com sua família em Faithful Place. Mas ele tinha sua cabeça em outro lugar. Ele e Rosie Daly estavam prontos para fugir para Londres juntos. Casaria, conseguiria um bom emprego e romperia de vez com a vida de pobreza e o trabalho pesado na fábrica. Mas na noite de inverno, quando eles deveriam partir Rosie não apareceu. Frank tinha certeza de que ela tinha desistido, terminando tudo com ele por causa de seu pai alcoólatra e sua mãe instável. Frank nunca voltou para casa. Nem Rosie.
Todo mundo achava que ela tinha ido para a Inglaterra por si própria e estava vivendo uma vida nova e brilhante. Então, 22 anos depois a mala de Rosie aparece atrás de uma lareira de uma casa abandonada em Faithful Place, e Frank terá de voltar para casa, gostando ou não. Frank se encontra preso de volta em linha reta a um emaranhado de relações que ele deixou para trás. Os policiais que trabalham no caso querem ele fora do caminho. Os moradores de Faithful Place querem ele longe, porque ele agora é detetive e o lugar nunca gostou de policiais. Frank só quer descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Rosie Daly e ele está disposto a fazer o que for preciso para encontrar as respostas. (Fonte: Skoob)



Não há grandes surpresas na resolução do mistério, porém, na verdade, isso não é o foco principal do romance - apesar de ser enquadrado dentro do gênero de suspense policial. O interessante é o relacionamento conflitante de Mackey com os seus familiares, que reencontra após 22 anos, e com os amigos da vizinhança que abandonou para nunca mais voltar. É o retrato de um bairro pobre e violento, com conflitos que são universais, tanto é que, na minha opinião, a história poderia tranquilamente se passar em um cortiço em São Paulo ou em uma favela no Rio de Janeiro. Também aborda a relacionamento dele com a ex-esposa e com a filha de nove anos, às quais vai, aos poucos, se reaproximando. 

Ou seja, esse é muito mais do que um simples romance policial do tipo "quem matou fulano". O crime, na verdade, fica o tempo todo no pano de fundo da trama. Daí eu ter observado nos meus comentários anteriores sobre a escritora, o fato de ela ser diferenciada dentro do seu gênero. O leitor não deve esperar um suspense típico, e isso pode ser agradável ou decepcionante, mas será sempre surpreendente. 




Há somente um ponto no qual achei a trama talvez pouco realista, mas isso eu coloco no spoiler abaixo - na verdade nem chega a ser um spoiler, mas eu revelo um detalhe da trama que me intrigou. Tenho certeza de que a maioria dos leitores, ao ler o livro, concordará um pouco comigo.

Boas leituras.  

:-)

S.



Spoiler (sem revelar o assassino):





















Só não entendi porque Mackey nunca chega a ser considerado o principal suspeito. O detetive que investiga o caso interroga todo mundo menos ele. Entendo, eram amigos, mas ainda assim, trata-se de crime de homicídio, e Mackey saiu de Faithful Place na mesma noite que Rose desapareceu. Seria mais do que lógico!

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