22 de setembro de 2017

A leitura na arte: Karl Raupp




A bengala, as moedas, o chaveiro, 
A dócil fechadura, as tardias 
Notas que não lerão os poucos dias 
Que me restam, os naipes e o tabuleiro, 
Um livro e em suas páginas a desvanecida 
Violeta, monumento de uma tarde 
Sem dúvida inesquecível e já esquecida, 
O rubro espelho ocidental em que arde 
Uma ilusória aurora. Quantas coisas, 
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos, 
Servem-nos, como tácitos escravos, 
Cegas e estranhamente sigilosas! 
Durarão para além de nosso esquecimento; 
Nunca saberão que partimos em um momento.” 

Jorge Luis Borges

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