Para não correr o risco de spoiler, resolvi fazer a resenha antes de acabar o livro. Acho que já tenho minha opinião formada independentemente do final. Caso necessário eu reviso - de qualquer forma, falta pouquíssimo para acabar.
Vamos lá.
Cheguei a pensar que o livro me desapontaria, ou que, pelo menos, me levaria a outra experiência estranha de leitura... Mas isso é outra história.
O livro começou muito bem, a personagem central muito bem construída e, em um certo sentido, única. Aí pela metade, a trama decaiu, perdi o fio da meada no meio de uma série interminável de personagens que iam surgindo. Apesar disso resolvi continuar e dar uma chance ao livro - afinal, Peter Hoeg é considerado um dos precursores do boom da literatura policial escandinava, melhor dizendo, do nordic noir, do qual o expoente mais conhecido hoje seja Stieg Larsson. Valeu a pena, pois, tomada a decisão, já no capítulo seguinte, a heroína Smilla do título embarcou em um navio cargueiro rumo ao Ártico, e aí a leitora aqui, que é frustrada porque não nasceu acima ou abaixo do paralelo 60, mergulhou em uma experiência similar à dos dias de Mikael Blomkvist no inverno de Hedestad, na Suécia (Stieg Larsson, Os Homens que Não Amavam as Mulheres).
Ou seja, uma delícia. Ainda não achei no meio dos personagens, mas, curiosamente, não tirou o interesse do livro. Mero detalhe.
O livro de Peter Hoeg é muito mais do que um suspense ou um mistério. Conforme a história se desenvolve, o leitor fica menos curioso sobre a solução do caso inicial apresentado e mais com a própria personagem, Smilla, e com o que ela vai descobrindo conforme tenta desvendar o crime. A história se passa na Dinamarca, país onde Smilla, uma personagem extremamente interessante, se sente permanente deslocada, por ser filha de um proeminente médico dinamarquês e de uma caçadora esquimó nativa da Groelândia - que, para que não sabe, pertence a Dinamarca. Por ter passado a infância e parte da adolescência no Ártico, Smilla tem o que se chama "sentido da neve" - entende o gelo, a neve e os sinais ali deixados como ninguém, habilidade que lhe é útil quando começa a investigar a morte de uma criança, filha de uma vizinha e também metade esquimó como ela. As descrições sobre a vida no Ártico são extremamente interessantes, bem como as questões sociais, o preconceito sofrido por Smilla por não ser 100% dinamarquesa
Enfim: Muito bom, altamente recomendado. Muito mais do que um simples livro de suspense.
Agora preciso procurar o tal do filme...
Ficha técnica do livro:
Título:
Senhorita Smilla e o Sentido da Neve (Smilla´s Sense of Snow)
Autor: Peter Hoeg
Sinopse:
Smilla Jaspersen tem a neve em muito melhor conta do que o amor. Ela é especialista das propriedades físicas do gelo e vive num mundo de números, ciência e memórias. E, agora, está convencida de que ocorreu um crime terrível cuja vítima é Isaiah, um rapaz de seis anos. Para além da amizade que os unia, Smilla e Isaiah tinham em comum o facto de pertencerem à pequena comunidade de esquimós a viver em Copenhaga. Quando as conclusões do inquérito oficial apontam para acidente, Smilla suspeita. E à medida que reúne informação sobre o caso, apercebe-se das suas sombrias ligações. De uma expedição secreta à Gronelândia a uma estranha conspiração que data da Segunda Guerra Mundial, muito parece estar por explicar. Pelo seu amigo e por si, ela embarca numa jornada arrepiante de mentiras, revelações e violência que a levará de volta ao mundo branco que em tempos deixou para trás e onde um segredo explosivo aguarda debaixo do gelo…
(Sinopse da edição portuguesa)
Ano de publicação:
1992
Edição em português:
Sim, porém difícil de localizar, a não ser em sebos.
Adaptações:
Indicação:
Adolescentes e adultos
Boas leituras!
:-)
S.
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