29 de dezembro de 2015

Leitura de praia

Sempre escolho um livro para ler em baixo do guarda-sol. Talvez a minha escolha mais memorável tenha sido A Mulher do Viajante no Tempo (The Time Traveler's Wife), de Audrey Niffenegger




Não, o filme não é muito bom... Não gostei de algumas mudanças que fizeram na história. Mas o livro é ótimo, e vai merecer mais comentários por aqui em breve.

Esse ano o eleito para leitura de praia é esse aqui:



Cansei de ver esse livro no topo das recomendações no meu Kindle, e decidi comprar de uma vez. Só que comprei o livro físico, que achei perdido e abandonado entre os pocket books em uma Livraria Cultura. Não tenho muito a dizer por enquanto, exceto que a leitura prense a atenção. Não sou muito fã de livros de espionagem, mas esse aqui pode me fazer mudar de idéia. É esperar para ver... ou melhor, é ler para ver.

Ainda sem tradução para o português.

Boas leituras!

:-)

S.

O que ando lendo...

Não desisti não, ainda estou por aqui no meu monólogo literário. Não terminei, nenhum livro, então não tenho nenhuma mini-resenha a publicar no momento, mas...

1.
Doug Dorst e J.J. Abrams, S.



Como eu já disse, o livro é realmente uma experiência única e muito interessante. Não sei se vai ser elevado à categoria de livro de cabeceira, mas certamente é imperdível. Só que não funciona bem  no formato de ebook, tem que ser manuseado, manipulado. Abandonei o frmato eletrônico e mergulhei nas páginas do livro físico em português mesmo, enquanto espero o meu original em inglês chegar (deve levar algumas semanas ainda). Agora sim as coisas estão começando a fazer sentido. Sem poder manipular as páginas e encartes, indo para frente e para trás, fica muito difícil. O clima lembra muito a série Lost, criada, para quem não sabe, pelo co-autor de S., J.J. Abrams. Não poderia ser diferente. Um Lost literário, por assim dizer,

Duas dicas por enquanto:

a. Não tire os anexos do livro da ordem. Essa dica apareceu na resenha da Folha de São Paulo que eu li.

b. Algo que eu descobri, portanto se você quiser descobrir sozinho pule esse item! Preste atenção nas cores das canetas das notas nas margens do texto. Na verdade a dica é sutilmente dada nas primeiras páginas do livro, mas isso só deu para percebee direito quando pude manipular o livro físico.

Prepare-se para ficar intrigado. Eu estou!

2.
Entraram na fila:



Acabo um, junto mais quatro na lista. Olha só o meu Kindle! Da trilogia da Kate Mosse eu já li o primeiro, mas vou ter que reler para retomar a trilogia. O livro da Kate Riordan me foi muito bem recomendado por uma página de leitura que sigo no Facebook. Mais detalhes em breve!

Boas leituras!

:-)

S.

21 de dezembro de 2015

Mais sobre S., de Doug Dorst e J.J. Abrams

Você vai dormir pensando no livro. Sonha com o livro. Acorda do sonho e pensa no livro. Sonha de novo sobre o livro. 

Conclusão: o livro é bom. 

Muito bom.




Teimei em ler em formato digital, apesar da advertência dos autores, porque não achei em inglês por aqui. Sorry, mas não vou ler uma maravilha dessas traduzida. Até agora o formato não me prejudicou tanto assim, embora admita que seja mais difícil o ir e vir dentro da obra. A leitura é não linear, pode-se dizer, é o leitor quem escolhe o melhor modo de seguir a trama.

Há várias páginas soltas dentro do livro, recortes,  cartas... Claro que no e-book eles ficam no lugar, mas no livro físico podem ser manipulados. Já li por aí que o segredo para desvendar o mistério é não tirar os anexos do lugar. Pelo menos nisso o formato digital ajuda.

Estou no começo, mas até agora está sendo uma experiência fascinante, muito interessante mesmo. Recomendo.

Boa leitura!

:-)

S.

19 de dezembro de 2015

Doug Dorst e J.J. Abrams, S.




Esse livro promete ser intrigante... E nāo só porque o título é a primeira letra do meu nome.

Leia a Sinopse:
Uma jovem encontra numa biblioteca um livro com anotações de um estranho. As margens repletas de observações revelam um leitor inebriado pela história e pelo misterioso autor da obra. Ela responde os comentários e devolve o livro, que o estranho volta a pegar. Ele é Eric, ela é Jennifer, e o inesperado diálogo dos dois os faz mergulhar no desconhecido. É esse velho exemplar típico de biblioteca - consultado, anotado, manuseado - intitulado "O Navio de Teseu", de V. M. Straka, que o leitor encontrará dentro da caixa preta e selada de "S.". A lombada está visivelmente gasta e as páginas, amareladas, rabiscadas com comentários manuscritos em diversas cores. Entre as folhas, surpreendentemente, há cartas, cartões-postais, recortes de jornal, fotografias e até um mapa desenhado em um guardanapo. "O Navio de Teseu" data de 1949 e é o décimo nono e último romance de Straka, autor cuja vida é um mistério. Nem mesmo F. X. Caldeira, responsável pela tradução da obra e pela publicação do derradeiro livro, já após o desaparecimento e a suposta morte de Straka, tem mais informações. Nas notas de rodapé, Caldeira tenta contextualizar e relacionar as obras e a vida do autor. Nas anotações a lápis e a caneta, porém, vê-se que Eric, um estudioso de Straka, parece não concordar com as notas da tradução. E as observações escritas por Jennifer, uma graduanda cheia de segredos que trabalha na biblioteca da universidade, mostram que ela percebeu isso. Da conversa entre Jennifer e Eric nas margens das páginas da obra emerge uma nova trama, que levará os dois a enfrentar decisões cruciais sobre quem são de verdade, quem talvez venham a se tornar e, ainda mais importante: quanto de suas paixões, mágoas e medos eles estariam dispostos a compartilhar com alguém que não conhecem.

Como eu tenho a mania de ler no original, a versāo em inglês já está me esperando no meu Kindle. Honestamente, porém, talvez seja o tipo de livro para se ler em papel, para que o leitor o manipule mais facilmente. Se for o caso, vou providenciar minha cópia tradicional. Qualquer que seja a forma escolhida, porém, o livro promete ser a minha grande leitura do verāo 2015/2016.

De qualquer forma, a tradução já está em nossas livrarias. Clique aqui, por exemplo.



Vamos ver...

Boa leitura!

:-)

S. (Eheheh...)

15 de dezembro de 2015

Vanessa Diffenbaugh, "A Linguagem das Flores"

"Agora, adulta, minhas esperanças para o futuro eram simples: queria ficar sozinha, cercada de flores." Vanessa Diffenbaugh, A Linguagem das Flores



Sinopse:

Victoria Jones sempre foi uma menina arredia, temperamental e carrancuda. Por causa de sua personalidade difícil, passou a vida sendo jogada de um abrigo para outro, de uma família para outra, até ser considerada inapta para adoção. Ainda criança, se apaixonou pelas flores e por suas mensagens secretas. Quem lhe ensinou tudo sobre o assunto foi Elizabeth, uma de suas mães adotivas, a única que a menina amou e com quem quis ficar... até pôr tudo a perder. Agora, aos 18 anos e emancipada, ela não tem para onde ir nem com quem contar. Sozinha, passa as noites numa praça pública, onde cultiva um pequeno jardim particular. Quando uma florista local lhe dá um emprego e descobre seu talento, a vida de Victoria parece prestes a entrar nos eixos. Mas então ela conhece um misterioso vendedor do mercado de flores e esse encontro a obriga a enfrentar os fantasmas que a assombram. Em seu livro de estreia, Vanessa Diffenbaugh cria uma heroína intensa e inesquecível. Misturando passado e presente num intricado quebra-cabeça, A linguagem das flores é essencialmente uma história de amor – entre mãe e filha, entre homem e mulher e, sobretudo, de amor-próprio.





Assim como Monsieur Perdu que no livro de Nina George ofertava livros para aliviar as aflições dos seus clientes,Victoria fazia o mesmo montando buquês e vasos de flores para os fregueses da floricultura onde trabalhava. Mas não é fácil gostar de Victoria às vezes, não é fácil entender as suas decisões. Em alguns momentos, quase desisti do livro, temendo pelas consequências da teimosia da personagem. Decididamente ela não é uma heroína adorável de um romance convencional. Victoria é por vezes brusca, agressiva,  desconfiada, nada nada mais do que o produto do meio em que viveu na infância, e, embora a história se passe em San Francisco, nos Estados Unidos, a realidade vivida pela personagem em sua infância e adolescência não difere tanto assim da realidade de tantas crianças carentes brasileiras.  Vem-me em mente o caráter da universalidade da literatura, que fica evidente naqueles livros que se tornam eternos, ao menos para os seus leitores.  

Não sei se "A Linguagem das Flores" resistirá ao tempo na opinião dos críticos literários mais exigentes, mas certamente será eterno e universal segundo os meus critérios. Temos aqui uma obra que vai além de meramente entreter o leitor. Diverte sim (e é por isso que eu acabei lendo), mas é  rica em  poesia e encantamento. Faz pensar sim, faz faz bem para a alma.  Sem cair na pieguice e em armadilhas apelativas, mostra-nos como uma pessoa pode superar as condições mais adversas e fazer de sua vida algo belo usando como arma algo tāo simples e esquecido no tempo como a linguagem das flores...

"Qualquer pessoa pode se transformar em algo belo." Vanessa Diffenbaugh, A Linguagem das Flores



O tema da linguagem das flores começou a me interessar lá pelos anos 90, quando um livro lindamente ilustrado e delicadamente perfumado com perfume de violeta foi lançado por aqui. Assinado pela inglesa Sheila Pickles, o livro foi uma verdadeira febre na época, uma compilação de textos e poemas sobre cada flor e seu significado, ilustrado por pinturas pré-rafaelitas e vitorianas. Gostei tanto que colecionei várias versões da obra, em português e inglês.




Aprendi então que a linguagem das flores, que tanto fascinava a protagonista do romance de Vanessa Diffenbaugh, era, na verdade, algo muito antigo, da época vitoriana inglesa. Em tempos sem telefone, e muito menos internet, servia como uma espécie de código pelo qual as pessoas, principalmente os casais, trocavam recados e mensagens veladas. Talvez fossem os emojis de antigamente. O significado de cada flor não era atribuído aleatoriamente, mas de acordo com o significado mitológico e/ou histórico da planta, além de características biológicas (em que época florescia, etc.).

Quer tentar deixar o WhatsApp de lado e mandar um recadinho à moda antiga? Eis alguns significados básjcos abaixo:

Acácia amarela - amor secreto
Acácia branca ou rosada - constância , elegância
Amor perfeito - meditação, recordações, reflexão
Azaléia branca - romance
Azaléia rosada - amor à natureza
Camélia branca - beleza perfeita
Camélia rosada - grandeza da alma
Camélia vermelha - reconhecimento
Cravo amarelo - desdém
Cravo branco - amor ardente, ingenuidade, talento
Cravo rosado - preferência
Cravo vermelho - amor vivo
Crisântemo amarelo - amor frágil
Crisântemo branco - verdade
Crisântemo vermelho - "eu amo"
Dália amarela - união recíproca
Dália rosada - delicadeza
Dália vermelha - olhos abrasadores
Girassol - dignidade, glória, paixão
Hortência - frieza, indiferença
Jasmim - amor, beleza delicada, graça
Lírio - casamento, doçura, inocência, majestade, pureza
Magnólia - amor à natureza, simpatia
Margarida - inocência, virgindade
Miosótis - amor sincero, fidelidade
Narciso - egoísmo, introvertia, vaidade
Orquídea - beleza, luxúria, perfeição, pureza espiritual
Papoula - fertilidade, ressurreição, sonho
Rosa amarela - ciúme, desconfiança, infidelidade, suspeita
Rosa branca - amor a Deus, pensamento abstrato, pureza, silêncio, virgindade
Rosa vermelha - admiração, caridade, casamento, desejo, espiritualidade,martírio, paixão
Sempre-viva - declaração de guerra, eternidade, imortalidade, permanência
Tulipa amarela - amor com esperança
Tulipa vermelha - declaração de amor
Violeta - lealdade, modéstia

Rosas:

Rosa (de qualquer cor)  - presença do amor
Rosa amarela - felicidade, amizade, dinheiro
Rosa rosa - carinho, romantismo
Rosa chá  - respeito, admiração
Rosa branca  - pureza, paz
Rosa laranja - fascínio, encanto
Rosa champagne  - admiração, reverência
Rosa vermelha - amor, paixão

Árvores:

Ameixeira - Pequena árvore ornamental que dá frutos significa "Auxílio, Proteção, Beleza"
Bambu - Planta muito alta que transmite "Força, Equilíbrio e Crescimento"
Bananeira - Significa "Ligação, Fertilidade"
Cânfora - Uma planta com características medicinais, significa "Saúde"
Carvalho - De madeira usada para construção, siginifica "Força, Conhecimento e Longa vida"
Cerejeira - Com madeira usada na marcenaria de luxo, significa "Amor e Sabedoria"
Cipreste - Uma árvore exótica que representa "Segurança, Longa vida e Grandesa".
Coqueiro - Árvore que dá fruto comestível, significa "Proteção e Pureza"
Macieira - Árvore muito popular que produz a maçã, significa "Amor e Eternidade"
Mamoeiro - Àrvore com fruto muito apreciado o mamão, significa "Abrigo e Fartura"
Pereira - Árvore que dá excelentes frutos, significa "Vida longa"
Pessegueiro - felicidade, amizade e longevidade.
Pinheiro - Fornece madeira e polpa para celulose, significa " Vida Longa, Fartura"
Salgueiro - Árvore conhecida também como chorão, significa "Proteção, Boa Sorte"
Tangerineira - Árvore de origem da China, significa - "Prosperidade, Bem-sucedido"

Dicionários de linguagem das flores eram muito populares naqueles tempos. Para desespero da protagonista Victoria, o significado das flores em cada um deles pode variar, não sendo algo preciso. O mais célebre é uma preciosidade lindamente ilustrada por Kate.Greenaway. A obra, de domínio público, pode ser encontrada na internet (link ao final deste artigo). Vale a pena uma foleada, só pelas ilustrações, que são belíssimas.




Vanessa Diffenbaugg inseriu esse universo mágico em sua história, abordando-o com delicadeza e poesia. Realmente é mais um livro emocionante que eu nāo poderia deixar de recomendar no meu blog, especialmente por contar com a tradução em português. Só gostaria que algum dia fosse lançada uma versão ilustrada. Seria maravilhoso!

Boa leitura!

:-)

S.



Links para os livros citados:

Vanessa Diffenbaugh, "A Linguagem das Flores":


Sheila Pickles, 'a Linguagem das Flores"  - esgotado, somente em sebos






Nina George, The Little Paris Bookshop



Paris e livros. Existe combinação mais perfeita?



De uma certa forma o personagem principal e dono da livraria do título, Monsieur Perdu, deu-me a idéia para o objetivo que pretendo alcançar no futuro com esse blog. Só espero que o meu site tão modesto chegue algum dia aos pés da livraria que ele instalou em uma barcaça ancorada no Sena. Modestamente, levo uma vantagem sobre Monsieur Perdu. A barca dele estava, pelo menos no início do livro, ancorada. Meu blog eu posso levar onde eu quiser. Teoricamente.




Monsieur Perdu tem um trabalho de sonhos para mim. Ele tem uma livraria ancorada no Rio Sena em Paris. Porém, mesmo com a localização tão privilegiada, não é uma livraria qualquer. Isso porque Jean Perdu tem um talento especial. Um dom. Ele consegue ler as pessoas e indicar livros para elas, para aliviar desde as aflições mais íntimas até os pequenos aborrecimentos quotidianos. O único problema é que o talento de Jean não se estende a ele mesmo, para aliviar a dor que o persegue. Até que um dia ele é praticamente compelido a finalmente ler uma carta escrita para ele vinte anos antes e nunca lida. Após a leitura, Perdu toma uma decisão radical, desancora a barcaça e parte em uma jornada em direção à Provença, no sul da França, em busca de respostas. Acompanha-o seu mais recente amigo, um escritor em crise após não conseguir reproduzir o estrondoso sucesso de sua única obra, um best seller internacional.

"A Pequena Livraria em Paris" é deliciosamente poético, recheado de referências literárias e muito bem humorado. Uma brisa de ar fresco para mim, depois de uma fase lendo histórias mais sombrias. Para quem gosta, como eu, é um "livro sobre livros", ao lado de, por exemplo, "A Sombra do Vento", de Carlos Ruiz Zafón e "A Décima-Terceira História", de Diane Setterfield, que ainda sāo meus favoritos no gênero. Inegavelmente, o talento inusitado de Jean Perdu me inspirou. Será que eu consigo fazer algo parecido em um blog?

Ainda nāo existe tradução para o português, vamos aguardar. Quando isso acontecer, esperando sinceramente que aconteça, voltarei a falar sovre esse livro. Enquanto isso, para quem quiser se aventurar em língua inglesa, é uma leitura fácil, com frases simples e linguagem coloquial. Em qualquer caso, se a tradução passar pelo meu radar, não deixarei de avisar.

Boas leituras!

:-)

S.




14 de dezembro de 2015

O interessante universo das fanfics




"Sempre comece pela Wikipedia." E.J. James, Cinquenta Tons de Cinza

Iniciei pelas palavras acima tão somente porque, como veremos, o livro citado talvez seja a mais célebre fanfiction da atualidade, embora a maioria aqui no Brasil não tenha ainda idéia do que significa o termo. Como se trata de uma importante, e interessante, manifestação da cultura pop, e como o objetivo deste blog é o de incentivar a leitura sobre todas as suas formas, sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito, resolvi escrever a respeito. 




É verdade, a Wikipedia até que explica razoavelmente bem o que é uma fanfic, então seguido o conselho, será por aí que começaremos:

"Fanfiction, fanfic ou apenas fic é uma narrativa ficcional, escrita e divulgada por fãs em blogs, sites e em outras plataformas pertencentes ao ciberespaço, que parte da apropriação de personagens e enredos provenientes de produtos midiáticos como filmes, séries, quadrinhos, videogames, etc, sem que haja a intenção de ferir os direitos autorais e a obtenção de lucros. Portanto, tem como finalidade a construção de um universo paralelo ao original e também a ampliação do contato dos fãs com as obras que apreciam para limites mais extensos."


Vou revelar um lado oculto meu que poucos conhecem. Durante alguns anos, eu escrevi o que se conhece fanfictions. Escrevia sem intenção alguma de me tornar escritora, apenas para me divertir e exercitar minha escrita em inglês (em português não havia público para as minhas histórias). Era quase uma terapia. Na verdade, eu acho que, pondo no papel, ou não, eu criava as minhas tramas muito, mas muito tempo antes do termo existir. Foi só alguns anos depois do advento da internet que eu descobri que aquilo que eu fazia, na maior parte do tempo internamente, sem escrever uma palavra, tinha um nome.




Mas o que são as fanfictions (ou fanfics)? 

Até uns cinco ou seis anos atrás, quando eu ainda escrevia, eram um fenômeno da cultura pop praticamente restrito ao universo nerd/geek. Embora, de um certo modo, alguns colocam os anos 70 como o início das fanfics, o fato é que elas somente se popularizaram nos anos 90, com o desenvolvimento da internet. O fenômeno ficou um pouco mais conhecido só ó ha uns três anos atrás, quando uma dessas histórias saiu do site fanfiction.net, onde a maioria é publicada até hoje, virou um best seller mundial e depois um filme. Mas vou chegar lá... De qualquer modo, adianto que é um exercício muito interessante de criatividade na escrita, especialmente para aspirantes a escritores. Estes encontraram uma forma extremamente fácil, tanto de entrar em contato com outras pessoas interessadas no mesmo tópico e divulgar as suas histórias. Alguns cresceram tiveram aí o início de sua vida de escritor, passando a publicar seus trabalhos em forma de livros tradicionais ou ebooks. Tanto é que, nos Estados Unidos e Europa, muitos que hoje tem seus livros publicados, sairam do universo das fanfictions

Só se engana quem acha que se trata de um fenômeno exclusivamente adolescente. 

Não é verdade. 

Nas minhas incursões pelo mundo das fanfics, nas diversas comunidades virtuais nas quais li as histórias publicadas, deparei-me com escritores de todas as idades, literalmente de 8 a 80 anos. A explicação é simples: Quem nunca, em alguma fase da vida, leu um livro ou assistiu a um filme e ficou com aquela trama e personagens na cabeça? Quem nunca ficou imaginando como seriam as cenas que não apareceram na tela, ou que sequer foram escritas, ou como a história continuou depois dos créditos finais ou da última página? Eu faço isso desde criança, faz parte de ser introvertida e ter uma imaginação ativa. Bem se você já brincou com essas possibilidades, então é um escritor de fanfiction em potencial. Uma fanfic geralmente é escrita por algum membro do fandomFandom é o diminutivo da expressão em inglês fan kingdom, que significa “reino dos fãs”, na tradução literal para o português. O objeto de interesse pode, a princípio, ser qualquer coisa apta a atiçar a imaginação e gerar histórias.

Tudo pode acontecer em uma fanfic. Heróis podem virar vilões e vice-versa. Heroínas podem decidir que o vilão é mais interessante que o mocinho é mudar de idéia. Não gostou do final da história? Mude-o. Quer saber como vivem os personagens depois que o filme acabou? Invente. Seu personagem favorito morreu? Traga-o de volta. A história de passa nos anos trinta, mas você gostaria de transportá-la para a época atual? Perfeitamente possível. Você preferia que a mocinha ficasse com o vilão? Sem problema algum. Jane Eyre sob o ponto de vista de Rochester? Feito. Romeu e Julieta se encontrando no além? Porque não?  O mocinho é um vampiro meloso e sem graça que brilha no sol e você o acha mais interessante como um dominador sadomasoquista? Vá em frente (uma certa escritora já faturou milhões e milhões com essa idéia). Orgulho e Preconceito nos dias atuais? Hello Bridget Jones! Na literatura nacional, pode-se até dizer que "A Sucessora" de Carolina Nabuco é uma fanfic de Rebecca, de Daphne du Maurier. 




A questão dos direitos autorais pode sempre ser um entrave, é claro, com exceção das obras de domínio público, mas ajuda o fato de que as fanfics são sempre gratuitas e o que interessa à grande maioria dos escritores não é o lucro, mas a diversão, o exercício de criatividade, a possibilidade de habitar um universo paralelo construído do jeito que você quer com os personagens que mais gosta moldados a sua maneira. Sāo, no meu entender, inofensivas, e ajudam mais a promover o livro ou filme do que trazem prejuízos aos autores das obras. É claro que há as exceções, que, contornando o óbice dos direitos autoras, conseguem sair  do mundo das fanfic.

Veja E.L. James, por exemplo. Seja qual for a sua opinião sobre o fenômeno mundial que foi, e ainda é, a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, saiba que a origem dos livros foi originalmente uma reles fanfic publicada no site fanfiction.net. Aliás, foi por curiosidade devido a esse fato que acabei tendo contato com a obra. Quando li por acaso em algum lugar na internet que uma autora de fanfics havia conseguido um contrato com um estudio de cinema, eu quis saber como e quem havia conseguido a façanha. A história foi retirada do site assim que a autora conseguiu os contratos para os livros e os filmes, mas a fic original (intitulada "Master of the Universe" - "O Senhor do Universo") ainda circula pelos cantos remotos da Internet em sua forma original, sem as alterações feitas quando da publicação dos livros. E.L. James fazia parte do fandom dos livros da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Decidiu escrever uma fic com os mesmos personagens, mas com o vampiro dando lugar ao dominador. 

Deu certo. Mais do que o original, inclusive. Coisa rara no mundo das fanfics.





Apesar de estar longe de ser uma obra prima da literatura, a trilogia foi escrita na linguagem típica das fanfics, que, basicamente, segue a máxima de "dar ao público o que o público quer". O que interessa numa fanfic, afinal, não é agradar os críticos literários, mas provocar a imaginação dos leitores,  especialmente os membros de um fandom. Curiosamente hoje, a trilogia de E.L. James, originalmente uma fanfic, gera a suas próprias fanfics. São "fanfics de fanfics", por assim dizer.

Há outros exemplos menos célebres,  é claro. Quando uma fanfic parte de um clássico da literatura, é bem mais fácil contornar o problema dos direitos autorais, e as histórias são publicadas. "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, gerou dezenas e dezenas de continuações e variações,  algumas até esdrúxulas com personagens zumbis (que, por acaso, também está virando filme), outras verdadeiramente deliciosas, como os livros da personagem Bridget Jones,  de Helen Fielding.


k



Eu passeei por vários fandoms durante a minha breve "carreira", mas publiquei somente em um deles no fanfiction.net. Era um fandom pequeno e amigável, sem muitas brigas internas (disputas internas são comuns em fandoms maiores, entre grupos que dão direcionamentos diferentes às histórias). Foi uma época boa, da qual tenho saudades, embora duvide que volte a escrever fanfics novamente, para qualquer que seja o fandom. No meu caso, por diversos motivos de ordem legal difíceis de serem superados, não dava para cogitar a publicação, embora as críticas às minhas histórias fossem encorajadoras. Seria um pesadelo jurídico que eu não estava disposta a enfrentar,  queria só me divertir mesmo.  

fandoms gigantescos. O dos livros de Harry Potter, por exemplo, tem mais de 500.000 histórias publicadas, o da série Crepúsculo, de onde saiu E.L. James, mais de 200.000. Gigantescos em comparação com o pequeno fandom para o qual eu escrevia, cerca de 800 histórias publicadas até hoje. E, é claro, existem aqueles fãs pra lá de apaixonados que acabam por provocar verdadeiras guerras internas, que podem ser muito agressivas. Eu, por exemplo, flertei com o mundo das fanfics escritas sobre "O Fantasma da Ópera", mas não tive coragem de publicar nada. Há uma verdadeira guerra entre aqueles que seguem a versão do livro de Gaston Leroux, a versão dos vários filmes e a versão do musical de Andrew Lloyd Weber. Brigam até sobre a extensão do desfiguramento do personagem do "fantasma" Erik, por exemplo. Publicar qualquer coisa era puxar briga certa com um determinado grupo, e eu não queria me estressar por uma coisa tão pequena que visava só me divertir e me distrair. Brigas assim existem na maioria dos fandoms, na maioria das vezes entre aqueles que querem se manter estritamente fiéis à história original e aqueles que a querem levar para o que se chama, dentro do universo das fanfics, de universo alternativo.



Curioso? Acredite, se você é apaixonado por uma história de um livro ou filme, o mundo das fanfics pode ser extremamente divertido. Tem uma linguagem e vocabulário próprios com a qual, aos poucos, os iniciados se familiarizam. Todos os termos, obviamente, se originaram do inglês, e alguns são difíceis de serem traduzidos. A exemplo:

Canon: Cânone. Histórias fiéis à obra origina, seja quanto à situações, trama, cenários ou casais formados.

Cross Over: São fanfics que misturam situações e personagens de universos, ou fandoms diferentes. Por exemplo, personagens de Star Wars e Star Trek convivendo. Não é um gênero que me agrada muito, não me lembro de ter lido uma cross over razoável sequer.

Darkfics: Como sempre fui fã da literatura gótica, esse gênero eu gosto, tanto é que alguns dos meus escritos tinham muito de darkfic. São histórias com elementos mais sombrios e elementos mais angustiantes.

Drabbles: Fanfics curtinhas, com pouquíssimas palavras.

Fluffy: Fanfic extremamente melosa e açucarada, talvez o oposto das darkfics.

Lime: Histórias com cenas de sexo apenas insinuadas, não descritivas.

Maintext e subtext: No caso das fanfics que descrevem relacionamentos românticos, as maintext tratam de casais que aparecem na obra original, enquanto que as subtext tratam de casais cujo envolvimento na obra original, quando existe, é apenas insinuado.

Mary Sue e Gary Stu: São personagens principais, feminimo e masculino, respectivamente, altamente perfeitos, idealizados, inatingíveis. 100% herói ou heroína, sem nenhuma mácula de caráter. Todo escritor mediano de fanfic sabe que é o tipo de personagem que deve evitar. Eu, como leitora e escritora, também sempre fiquei longe das Mary Sues e dos Gary Stus.

OC (original character):  Histórias que, além dos personagens originais do fandom, contém outros personagens originais criados pelo próprio criador da fanfic para compor a história.

OOC (out of character): Quando, na fanfic, o personagem se comporta de forma completamente diversa do personagem da história originária.

One shot: Histórias com um capítulo apenas. Um excelente exercício para começar a escrever, minha primeira história foi um one shot.

POV (point of view): Indica de quem é o ponto de vista, ou seja, qual personagem está funcionando como narrador, ainda que a história não tenha sido escrita em primeira pessoa.

PWP (porn withot plot): Na verdade, nem é fanfic, apenas cenas de sexo entre personagens de um determinado fandom, sem qualquer enredo definido. Geralmente são histórias de baixíssima qualidade.

Sagas: Fanfics muito longas com dezenas ou até centenas de capítulos. As minhas histórias eram uma saga que nunca terminei (e provavelmente nem vou terminar...

Self inserction: Quando o escritor participa da trama como personagem.

Slash e Femmeslash: Fanfics com personagens principais envolvidos em relacionamento homossexual.

UA (univero alternativo): Histórias passadas em um universo diferente da história originária. Romeu e Julieta nos tempos atuais, por exemplo.

What If: E se? Histórias que tomam um rumo diferente em relação à original. E se Darth Vader não morresse no final de "O Retorno do Jedi", por exemplo.

E o que você pode encontrar no fanfiction.net?

De tudo. Procure um filme ou livro de seu interesse, e duvido que você não encontre ao menos uma história. Aliás, como a maioria está em inglês e, obviamente, são escritas em linguagem mais coloquial do que a de um livro, é um bom lugar para você se iniciar na leitura do idioma, seguindo as dicas do meu post sobre o assunto. Existem dois sites em português que publicam fanfics, o Spirit e o Nyah, embora eu pessoalmente desconheça a qualidade e a quantidade das histórias ali publicadas. Parece-me apenas que, aqui no Brasil, ao contrário da Europa e Estados Unidos, as fanfics ainda são um fenômeno quase que exclusivamente adolescente.

A qualidade varia muito, isso é verdade. Há histórias surpreendentemente boas, e, é claro, muita porcaria também. Em um fandom muito popular, achar algo que valha a pena ser lido é como achar uma agulha em um palheiro. Porém, se você é um apaixonado pelo fandom da sua escolha, as busca é sempre divertida. Para quem quiser, eu estou aqui para ajudar, sabem onde me encontrar.

Boas leituras!  

:-)

S.

Obs: Clique aqui para artigo com uma visão um pouco mais aprofundada sobre o tema.

13 de dezembro de 2015

Kate Morton, O Jardim Secreto de Eliza

"O Jardim Secreto de Eliza" é o título em português de mais um livro da escritora Kate Morton. Esse eu acabei de ler ontem. Depois de "The Lake House", parece que iniciei uma fase de leitura de livros dessa escritora. Fazer o que, ela me agrada! Não resisto ao clima gótico, à la Daphne du Maurier, das histórias dela. Segredos a serem desvendados, mistérios, e uma pitadinha só de romance, sem nunca ser açucarado. Até ajudou no clima o fato de que o livro estava perdido em casa, esquecido e todo empoeirado. Minha tosse alérgica nāo gostou muito, mas já a minha imaginação...




Bem, pelo menos vou falar de um livro que foi traduzido para o português, não é? Li no original, pelas razões que já expliquei nesse blog. Como o jardim secreto do livro, ele estava lá esquecido e abandonado, mofado e empoeirado, até que eu me lembrei dele e decidi continuar a leitura que havia abandonado, por alguma razão, a tempos atras. Acho que simplesmente esqueci dele. Azar o meu, pois o livro é muito bom, talvez o melhor dessa autora que eu tenha lido até agora. Daria um belo filme!



Segue a sinopse abaixo:

Em 1913, um navio chega à Austrália direto de Londres, trazendo com ele uma menina de quatro anos, absolutamente sozinha, sem um acompanhante adulto sequer. Com ela, apenas uma pequena mala com um livro de contos de fadas. O mistério de quem era a bela garota, que dizia não lembrar seu nome, e de como chegou ao porto, jamais foi desvendado...

A história alterna três períodos de tempo diferentes. O início do século dezenove, quando os eventos chave da história acontecem, desenvolvendo-se o drama da escritora de contos de fada Eliza, os anos 70, quando Nell, a menina mencionada na sinopse, já avó, desvenda parte do mistério, e os tempos atuais, quando a neta de Nell, Cassandra, continua a busca pelo passado perdido da avó. A trama cresce a medida em qie se avança no livro e as peças do quebra-cabeça vão se encaixando, os dramas de três admiráveis mulheres se desenvolvendo. Não dá para falar muito mais do que isso sem estragar. O jardim secreto do livro demora um pouco a aparecer e a fazer sentido, mas quando isso acontece, você simplesmente não consegue mais largar o livro. Tudo o que eu queria era um jardim secreto daqueles...  Uma história muito bonita.

Recomendo!

Bem, agora vou tentar mudar de gênero, deixando um pouco de lado meus jardins secretos, casas escondidas, cartas e diários guardados, crianças desaparecidas e segredos de família. Se eu conseguir...

Até a próxima dica!

:-)

Sandra


12 de dezembro de 2015

Mais vendidos

"Grey", de E.L. James ainda encabeça a lista dos best sellers da semana.  Preciso falar desse livro aqui, já o fiz no Facebook, mas em inglês. E que os falsos intelectuais torçam o nariz à vontade!

"A Garota do Trem", de Paula Hawkins resiste bravemente. Nāo me surpreende. É um ótimo suspense, na linha dos livros de Gillian Flynn, embora nāo chegue a ser tāo bom como Garota Exemplar. Li que vai virar filme. Se a adaptação for bem feita, vai funcionar.

George R.R. Martin... Esse eu não pretendo ler por enquanto. Não faz meu gênero no momento, mas sou da filosofia de nunca dizer que "dessa água não beberei..." Se tem algo que eu não menosprezo são livros. Ainda mais livros que tanta gente anda lendo.

Acho que fui muito radical na minha manifestação sobre traduções. Apesar das dicas que eu dei não mereci nenhuma curtidinha no Facebook.  Mmmm.... preciso analisar o que estou fazendo de errado!

Bom fim de semana!

:-)

S.

9 de dezembro de 2015

Tradução ou original - eis a questão!


Vou começar pela resposta - a minha resposta, pelo menos, respeitando as opiniões em contrário. Se você conta com a vantagem de conhecer uma outra língua, ainda que em nível intermediário, prefira sempre o original. 

Sempre

Você só tem a ganhar com isso.



1) Você vai melhorar, e muito, a compreensão no idioma escolhido, e a cada livro que ler na língua original, a experiência vai ficar mais fácil e prazerosa. 

E se você acha que precisa ter fluência total na língua para conseguir ler em um idioma estrangeiro, está redondamente enganado. Também não é verdade que você precisa de um dicionario ao lado para parar e procurar cada palavra desconhecida. Não há leitura que avance com isso! Não, só vá ao dicionário se a palavra desconhecida impede totalmente a compreensão do texto. Com o tempo você verá que o seu vocabulário se ampliará naturalmente, na medida em que o significado das palavras novas vai sendo gradualmente absorvido dentro do contexto da história. É magico, portanto deixe a preguiça mental de lado e leia no original!

Você também deve se treinar - e sei que isso pode não ser fácil, especialmente se estudou o idioma de forma incorreta - a não ficar traduzindo o texto frase por frase. Eis aí outra coisa que tornará a leitura no original impossível para você. Muito pelo contrário, a compreensão do texto deverá vir na própria língua em que ele é escrito. Acredite, entender não significa traduzir, e o seu cérebro sabe muito bem a diferença. Confie nele!

2) Obviamente, nem toda tradução é boa. Assim como uma dublagem arruína um filme, uma tradução mal feita pode acabar com um livro. Sempre" O Senhor dos Anéis", de Tolkien, para ilustrar esse ponto. Em um tempo do qual não tenho saudades, quando o acesso à livros em outras línguas era difícil, comprei a trilogia em português. Não passei do primeiro volume, de tão entediante que achei. Mais recentemente (mas não tanto), na época que foi lançada a trilogia no cinema, fui atrás dos livros no original em inglês. Não consegui largar. O problema não era o Tolkien, mas a tradução...

É por isso que é  tão difícil e ingrato o trabalho de tradutor, tanto é que sempre tive a pretensão de me aventurar nessa área. Não basta conhecer a língua, é preciso conhecer a cultura, o contexto... E isso nem sempre é óbvio!

3) Finalmente, se nada disso te convenceu, saiba que um paperback custa menos do que o mesmo livro em português. Além disso, você tem acesso às obras meses, as vezes anos, antes delas terem sido lançadas por aqui.

E como começar?




Regra número um: 

Nada de preguiça mental! 

Nada de eu não posso, eu não consigo. 

Claro que, se você tem um nível intermediário de inglês, não vai iniciar lendo Shakespeare no original. Não , comece com livros com a linguagem facilitada para estudantes da língua que hoje podem ser encontrados facilmente. No próximo passo, escolha uma obra que você goste muito, um livro de cabeceira, um livro que você leu e releu em português, mas que foi escrito originalmente em inglês ou na língua que você está interessado. Procure a mesma obra na língua original e leia. Você já tem familiaridade com a obra e os personagens, isso vai facilitar muito. Se gostou da experiência, escolha outro livro. Depois outro. Até que um dia você se sentira desafiado a ler aquele livro recém lançado e que está causando furor no mercado literário no idioma original. 

Como eu comecei? Como uma estudante de intercâmbio de 17 anos caindo de paraquedas em uma high school americana. Como eu ainda não havia ainda completado o antigo colegial no Brasil, não podia me dar ao luxo de escolher só matérias eletivas na escola. Precisava dos créditos para me formar, ter mu diploma reconhecido para prestas vestibular no meu retorno ao Brasil. Tive que enfrentar matérias pesadas, dentre as quais literatura inglesa. Muita leitura e interpretação de texto. Tive que me virar, e é óbvio que nenhum dicionário do mundo me ajudaria. Descobri Ernest Hemingway, um autor que escreve com sentenças curtas e simples, e acabei lendo todos os livros dele. Descobri a magia de ler William Shakespeare no original, apesar das dificuldades. Descobri Ray Bradbury, Kurt Vonnegut, entre tantos outros, e, é claro, as irmãs Brontë e Jane Austen. Nunca mais parei.

Acredite, vai valer a pena. O exercício para o cérebro é excelente. Portanto, deixe a preguiça mental de lado e comece devagar. 

Boa leitura!

:-)

Sandra

8 de dezembro de 2015

O que vem por aí...

Estou só me organizando um pouquinho...

Alguns dos livros na fila para serem lidos ou terminados. Não necessariamente em ordem de importância:

A.S. Byatt, The Game (sem tradução em língua portuguesa)
Carlos Ruiz Záfon, O Jogo do Anjo (The Angel's Game)
Carlos Ruiz Záfon, O Prisioneiro do Céu (The Prisioner of Heaven)

Donato Carrisi, La Ragazza Nella Nebbia (desesperadamente tentando comprar esse livro, recentemente lançado na Italia... não consigo nem em importadoras!)

Eleanor Catton, Os Luminares  (The Luminaries) (leitura iniciada)
Gillian Flynn, Objetos Cortantes  (Sharp Objects)
Ilya Troyanov, The Collector of Worlds (sem tradução em língua portuguesa)
Kate Morton, The Forgotten Garden (leitura iniciada) (sem tradução em língua portuguesa)
Kate Morton, The Secret Keeper (sem tradução em língua portuguesa)
Kate Morton, The Shifting Fog (sem tradução em língua portuguesa)
Kathryn Taylor, Colours of Love (trilogia - já li dois) (sem tradução em língua portuguesa)
M.L. Stedman, A Luz Entre Oceanos (The Light Between Oceans) (leitura iniciada)
Nina George, The Little Paris Bookshop (sem tradução em língua portuguesa) (leitura iniciada)
Robert Harris, O Fantasma (The Ghost)
Ruth Rendell, The Girl Next Door (sem tradução em língua portuguesa)
Sierra Simone, The Markham Hall series (4 livros, li 3) (sem tradução em língua portuguesa)
Thomas Christopher Greene, The Headmaster's Wife (sem tradução em língua portuguesa)



Livros e autores a recomendar nesse blog (próximas resenhas):

Audrey Niffenegger, The Time Traveler's Wife
Bernard Minier
Charlotte Brontë, Jane Eyre
Daphne du Maurier, Rebecca, Rule Britania
Donato Carrisi
E.L. James & Cia (C.J. Roberts, Nana Pauvolih, etc)
Gillian Flynn
Giorgio Faletti
Jane Austen
Paula Hawkins, The Girl on the Train
Val McDermid
Vanessa Diffenbaugh, The Language os Flowers
Victoria Holt 



Tópicos a serem abordados:

Adaptações para o cinema
Fan fiction
Tradução ou original?
Como nasce uma leitora


Recomendações para adições à ambas as listas são sempre bem vindas!

Kate Morton, The Lake House (A Casa do Lago))



Linda capa, nāo é? Espero que a edição em português chegue com o mesmo bom gosto. E tenho certeza de que este vai vai chegar por aqui, já que é sucesso de vendas lá fora.

Terminei a minha leitura ontem à noite. Foi um daqueles raros livros que eu decidi saborear lentamente. Se, por um lado, não posso dizer que tenha sido um livro inesquecível, candidato à livro de cabeceira, por outro lado cumpriu o seu papel na minha atual lista de requisitos para uma boa obra. Divertiu-me muito, e me transportou para outros mundos interessantes. É o que me basta para recomendar altamente a leitura. Kate Morton é uma autora extremamente competente que ainda estou conhecendo, e, até agora, não falhou comigo. Eu digo que, se eu fosse escritora, gostaria de escrever como ela! Serve-me de consolação o fato de ter pelo menos dois outros livros dela esperando para ser lidos  no meu Kindle.

Não posso falar muito sobre a trama sem arriscar um spoiler, que, nesse caso, tiraria a graça do livro. E se o que você procura um daqueles livros que são quase impossíveis de largar, esse é uma boa escolha! Digamos que há um segredo a ser desvendado, mas o como, o onde e o porque são muito mais interessantes do que o quem. Lembrei-me de que, quando começo a conhecer um autor, costumo ser capaz de adivinhar para onde a história está indo, e lá pelo terceiro livro eu até consigo adivinhar a solução o do enigma, quando há algum a ser resolvido. Kate Morton me desafiou neste sentido, derrubando todas as minhas teorias, uma a uma, até chegar a uma possibilidade que eu havia chegado a considerar, mas não muito a sério. Muito bem feito!

A criticar apenas, talvez o excesso de crianças desaparecidas na mesma história (aparentemente uma pequena obsessão da autora, já vi isso em pelo menos um outro livro dela) e pelo menos uma coincidência um pouco difícil de engolir, pelo menos para mim. Nada disso, porém, compromete a apaixonante trama.

Recomendo! Se a publicação da tradução passar pelo meu radar, prometo que aviso.

:-)


Aproveitando: Se você quiser me recomendar uma obra ou quer que eu comente um livro, ou sugira algo para ler, é só perguntar! 

7 de dezembro de 2015

Gingerbread cookies da Tia Sandra

Atendendo a pedidos. A receita que faço é, na verdade, a combinação de duas receitas americanas. Valem duas recomendações antes de começar:

1) Use medidores para medir as quantidades, colheres ou xícaras. Evite usar os utensílios de cozinha correspondentes, a quantidade não será a mesma e a massa pode não dar certo.

2) Não tenha medo de usar todas as especiarias. Elas são a graça desse biscoito natalino tão tradicional. O resultado final é levemente picante e não muito doce. A casa toda fica perfumada.

Aqui vai: 


(Foto -  internet)


Gingerbread Cookies (Biscoitos de Gengibre)


6 xícaras de chá de farinha de trigo
3 colheres de chá de fermento
2 colheres de chá de bicarbonato
1/2 colher de chá de sal
2 colheres de sopa de gengibre em pó
4 colheres de chá de canela em pó
2 colheres de chá de cravo em pó
1 colher de chá de noz moscada em pó

12 colheres de sopa de manteiga ou margarina
1 e 1/2 xícara de chá de açucar mascavo
2 ovos grandes
1 xícara de chá de melado de cana
4 colheres de chá de essência de baunilha
2 colheres de chá de essência de rum (opcional)


Peneire os oito primeiros ingredientes e reserve. Em separado, bata os demais ingredientes até misturar bem, formando um creme. Junte essa mistura aos secos peneirados e amasse até ficar homogêneo, e com uma consistência que seja possível de ser aberta com um rolo de massa.. Se precisar, junte um pouco mais de farinha. Separe a massa em porções menores e forme discos com mais ou menos 2 cm de espessura e 15 cm de diâmetro. Envolva cada disco em filme plástico e leve à geladeira por, no mínimo, 8 horas.

Obs: Essa massa pode ser guardada por até 4 dias na geladeira.

Para fazer as cookies, abra cada disco de massa com um rolo até a espessura desejada - mais ou menos 0.5 cm. Corte com cortadores diversos, nos formatos desejados. Leve para assar em assadeira forrada com papel vegetal, em forno médio, por 20 minutos, aproximadamente, ou até dourar levemente. Espere esfriar um pouco para tirar da assadeira. Decore com glacê real ou polvilhe com açucar de confeiteiro.


Bom apetite!