25 de novembro de 2015

Os Mistérios do Inspetor Lynley

Thomas Lynley é "quase" o típico aristocrata britânico. Culto, de fala e aparência impecáveis, estudou em Oxford. Tem um título de nobreza e é proprietário de uma centenária mansão ancestral. Mas para por aí. Ao invés de uma vida ociosa, Lynley é um dedicado investigador policial. Como detetive da prestigiosa polícia britânica, ocupa-se dos mais escabrosos, dos mais intrincados casos de assassinato. Seu contraponto é a detetive Barbara Havers, em minha opinião uma das detetives mais interessantes da literatura policial atual. Desengonçada, desbocada e insociável, não tem uma gota de sangue azul nas veias. No trabalho, porém, forma com Lynley um par perfeito.



A dupla nada convencional é sempre a maior atração da série de thrillers policiais da escritora americana Elizabeth  (não confundir com uma outra autora de livros de auto-ajuda com o mesmo nome). Em uma série de dezenove livros publicados até agora, a autor desenvolve, além de um denso e irresistível mistério a ser desvendado, os dramas particulares desses dois personagens tão interessantes. Dois deles já tem tradução para o português:


Digamos que os dez ou doze primeiros são sensacionais, tanto pela engenhosidade da trama do crime a ser resolvido, quanto pelo desenvolvimento dos dramas particulares de Lynley e Havers. Esses livros foram objeto de uma série da BBC, “Os Mistérios do Inspetor Lynley”.





A série é boa, filmada com a habitual competência britânica, mas deve ser vista como algo completamente independente dos livros. No primeiro episódio, por exemplo, a versão televisiva alterou completamente o livro, já que o assunto era altamente controverso. Além disso, um possível romance entre Lynley e Havers, que é insinuado de maneira extremamente sutil por Elizabeth George nos primeiros livros, fica mais evidenciado no seriado. Talvez por isso, em seus livros mais recentes, a escritora tomou uma direção totalmente oposta, transformando Barbara de uma mulher excêntrica, que porém ser interessante aos olhos de Lynley, em uma mulher ainda mais excêntrica, de aparência grotesca e quase que repugnante, evidenciando, cada vez mais, a distância entre os dois personagens. Essa é uma das coisas que não me agrada nos livros mais recentes da série, aquela certa tensão sexual entre os dois detetives desapareceu por completo, bem como o espaço dedicado aos dramas particulares dos sois personagens. Tudo isso faz muita falta.


De qualquer modo, fica registrada mais uma recomendação de literatura escravista perfeita para aqueles dias de chuva!

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