13 de maio de 2017

Livro do dia: O Ipê Floresce em Agosto, Lucília Junqueira Prado

(Kent R. Wallis)

Li esse romance leve e encantador há muito, muito tempo, e outro dia me lembrei dele para “livro do dia”. Não encontrei nada sobre a obra, sequer uma sinopse do romance contido dentro do livro, que é, na minha opinião, a melhor parte. Não encontrei uma foto sequer da capa. Também não está no maior banco de dados sobre livros na internet que eu conheço, o Goodreads.

Eu confesso que tenho uma certa implicância com aqueles que por aí reclamam que não se dá o devido valor à literatura nacional. Está bem, vou confessar mais uma vez que não sou fã de literatura brasileira – desculpem-me -, mas reconheço que há gemas como essa (ou ainda muito, mas muito melhores) escondidas por aí, verdadeiros tesouros esperando para ser garimpados, que infelizmente ficarão esquecidos se ninguém se lembrar deles. Faz-se muito pouco para divulgar obras que valem a pena ser conhecidas. 



Título:
O Ipê Floresce em Agosto

Autor:
Lucília Junqueira Prado




Este livro de Lucília Junqueira de Almeida Prado reúne uma novela, que dá título ao livro, um romance, uma história para o público infantil e três textos versejados, para crianças e jovens, com muita cor local, muita beleza sonora e bem conduzidos. Um arco criador que vai do tema adulto ao infantil. 

Prova pronta e acabada de que a autora transita com desenvoltura em qualquer vertente da Arte Escrita. A novela, que abre o livro, até certo ponto romântica, sem fáceis concessões, é uma história de criatividade quase de sonho ou perplexidade, num patamar de inquietação que arrebatará o leitor.

O romance, a seguir – No verão, a primavera – é uma obra-prima da melhor ficção nacional. Livro editado há algumas décadas, alcançou merecido sucesso na época. Mas, tal como acontece com obras de outros autores, não se perpetuou em edições seguidas. Não será em poucas linhas que se analisará a vida vivida e amorosa de Belinha. Valendo-se, com segurança, da retrospecção, deslindou uma história notável. 

O livro são buscas, encontros e desencontros do começo ao fim. Belinha é catalizadora de emoções e vivências, dela e das personagens. Livro maravilhosamente humano. Drama amoroso e drama dos dramas da vida, sem fugir dos meios-tons, que dão latência e pulsação do começo ao fim.

A passagem deste livro belíssimo para a criação infantil, logo a seguir, dá-se sem ruptura de qualidade, embora escritos em épocas diferentes, dada a riqueza narrativa da autora, consegue dar, com carinho, sopro de vida a um gato. Humaniza-o tão bem, que qualquer adulto, lendo a história, se tornará uma criança e admirará o gato. 

As três últimas passagens do livro, compostos em versos, para crianças e jovens, mostram-nos toda a mágica e magia criadora de Lucília Junqueira de Almeida Prado. São três histórias num versejar tão bem urgido que se treliçam, dentro do ritmo poético, o visual, o narrativo e o descritivo, numa amostragem emblemática e cantante.


Ano de publicação:
1977

Indicado para:
Adolescentes e adultos

(Kostas Rigoula Tsigris)


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